GOVERNO, PM E ACÇÃO

Luís Montenegro revelou firmeza, sem ser arrogante, demonstrou humildade sem cair na esparrela da mão estendida. E, no primeiro dia do debate do programa do governo, surpreendeu a esquerda com o imediato avanço de medidas prioritárias: "conta-corrente" entre AT e empresas, descidas do IRS, do IRC e o arranque das negociações com os professores e as polícias.

P. S. O ónus – e que ónus! –, está em cima de André Ventura e Pedro Nuno Santos, para já remetidos para desafios nervosos nos Passos Perdidos da Assembleia da República.

OS JOVENS NÃO PRECISAM DE MAIS PROMESSAS

«É tempo de renovar os discursos e pôr fim às divagações retóricas, sempre repetitivas e tantas vezes esvaziadas de conteúdo. É tempo de também nós, jovens, falarmos em nome do 25 de Abril e aproveitarmos a data para enumerarmos todas as lacunas e omissões deste meio século. Para que as promessas de Abril não sejam esquecidas, precisamos de maior participação jovem nos órgãos de decisão política. Sem quotas, mas com novas ideias, novas palavras, novas prioridades. Não precisamos de mais promessas, precisamos de mais representação, porque a democracia não tem donos nem monopólios geracionais».

INSTABILIDADE: A PROVA DOS NOVE

Com novo governo e novo primeiro-ministro, com novos deputados e novo presidente da Assembleia da República, com novos líderes na oposição parlamentar, a única constante é Marcelo Rebelo de Sousa. Vai ser mais fácil fazer a prova dos nove de quem tem sido o grande responsável pela instabilidade dos últimos oitos anos em Portugal.

P. S. O discurso de Luís Montenegro, a palavra que realmente conta e importa para o dia-a-dia dos portugueses, deve estar ao nível da expectativa que se sente na rua.

CLARIFICAÇAO, A NÃO SER QUE...

Passado o reboliço da eleição do presente da Assembleia da República, uma única certeza: Luís Montenegro não vai voltar a arriscar ignorar André Ventura; e Pedro Nuno Santos vai ponderar muito cuidadosamente cada chumbo das propostas do PSD. A não ser que ambos queiram arriscar eleições antecipadas.

P. S. O regozijo dos porta-vozes do Bloco Central, que se arrastam há décadas na ribalta, são a prova de algodão que não deve ser ignorada por quem acredita no regime democrático, e não se serve dele.

CHEGA LIDERA OPOSIÇÃO PARLAMENTAR

A forma cândida como PSD e PS fatiaram a presidência da Assembleia da República é de fazer chorar as pedras que restam da calçada do regime democrático. De facto, aparentemente os dois partidos continuam a fazer de conta que ainda não tomaram conhecimento dos resultados do passado dia 10 de Março, num claro desrespeito pelo voto.

NEM EM CIMA DO MURO NEM EM BELÉM

A eleição do novo presidente da Assembleia da República está a provocar uma clarificação que só vai reforçar o actividade parlamentar, com ou sem estabilidade política e institucional. 

P. S. O grande perdedor, para já, é Marcelo Rebelo de Sousa: acabou o tempo do folclore e do cinismo político das piruetas. Agora é a sério, mas falta credibilidade para segurar o jogo democrático.

CHEIRINHO A INFRAESTRUTURAS

A novela da eleição do presidente da Assembleia da República faz lembrar os métodos passados no Ministério da Infraestruturas.

P S. Permitir aos 4 maiores partidos indicar o presidente da Assembleia da República e demais vice-presidentes não implica um acordo, mas sim o respeito pela Constituição. O resto é a expressão de uma coligação negativa, de acordo tácito ou de criancices de triste memória que só os fanáticos não conseguem admitir.

PARLAMENTO EM REBOLIÇO

Nada será fácil sem os deputados liderados por André Ventura.

P. S. Marcelo Rebelo de Sousa já ameaçou dissolver a Assembleia da República depois da falhada eleição de Aguiar Branco?

XVI LEGISLATURA A CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO

O início da actividade parlamentar, com uma nova maioria, arrancou com a perspectiva do cumprimento da Constituição da República, desde logo com a eleição de representantes dos quatro maiores partidos políticos escolhidos pelos portugueses para a presidência, vice-presidências e secretários.

À BEIRA DOS 5O ANOS DE ABRIL

 

O PS NÃO MUDA COM PEDRO NUNO SANTOS

O novo secretário-geral dos socialistas esteve na berlinda mediática pelas piores razões: recebeu €203 mil em subsídio de deslocação, apesar de ter casa em Lisboa. As justificações do próprio são ainda mais embaraçosas, comprovando que nada vai mudar no PS. 

P. S. Com cartão vermelho!

LISTAS DE DEPUTADOS E OS ERROS

O frenesi que por aí vai na elaboração de listas para deputados continua a agitar a bolha mediática. Muito do que se passa na Assembleia da República, hoje, que não se deve repetir, passa por cada um dos líderes partidários ter constituído uma bancada parlamentar à sua imagem, repleta de fiéis e ignorando as tendências críticas e os adversários candidatos à sua sucessão.

O NEGÓCIO SERVE A TODOS OS PARTIDOS

Os partidos que agitam a bandeira da alternativa à tradicional alternância foram engolidos pelo sistema em alta velocidade. Num país com uma ferrovia digna do século XIX é o salto de mais de 4,5 mil milhões de euros para o TGV a contento das clientelas, comissionistas e elites. E de todos os partidos, num negócio em que todos votaram favoravelmente, incluindo a Iniciativa Liberal, com o Chega a disfarçar com a abstenção. 

LOBBYING: QUEM TEM PRESSA, COME CRU

A pressão do Ministério Público sobre o actual quadro de tráfico de influências, entre outros crimes de colarinho branco, está a deixar alguns sectores demasiado nervosos. Haverá outra explicação, no actual quadro político e institucional, para a actual correria na Assembleia da República para a regulação do lobbying?

PIZARRO DE ALARME

O caos na Saúde é tal que não é preciso ser alarmista para caracterizar o que se a está a passar. Bastam as intervenções de Manuel Pizarro, um ano e dois meses depois de tomar posse, em que admite, finalmente, que deixou de estar tranquilo face ao que se passa no SNS: 18 horas de espera no Hospital Amadora-Sintra e hospitais em modo de medicina de catástrofe.

P. S. Os representantes dos órgãos de soberania continuam a fazer de conta que o país vive uma situação de normalidade.

JUSTIÇA EM POLVOROSA

A guerra aberta entre o Partido Socialista e o MP, com a Lucília Gago, PGR, debaixo de fogo de órgãos de soberania, é muito mais do que escrutínio. A gravidade do que está a acontecer à vista de tudo é tal que tem todos os condimentos para acabar mal. 

P. S. Com Marcelo Rebelo de Sousa descredibilizado e politicamente morto só resta uma questão: já estamos ao nível de Hong Kong e Macau?

GÉMEAS NO PARLAMENTO

É cada vez mais previsível que o caso das gémeas do Hospital de Santa Maria chegue ao Parlamento, sendo exigível desde já a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), tal como ocorreu noutras situações pantanosas, aliás com excelentes resultados para a transparência e aplaudida por a esmagadora maioria dos cidadãos.

P. S. A resistência de Luís Montenegro em tomar posição clara sobre a situação, tal como o primeiro-ministro demissionário, não é um bom augúrio para quem se propõe a liderar o próximo governo, desde logo fazendo a diferença.

VENTURA COM MARCELO A DAR TUDO POR TUDO

O principal beneficiado da saída de Marcelo Rebelo de Sousa tem sido André Ventura. É que tudo está a concorrer para alargar o pântano, institucional e político, dando tudo por tudo e ainda mais gás ao Chega. O debate da campanha eleitoral vai servir para clarificar: há algum acordo secreto entre ambos, informal e/ou implícito e/ou até fruto do simples e impensável piscar de olho?

P. S. O início da audição João Galamba, no Parlamento, foi um dos momentos mais lamentáveis de sempre da história da Democracia. 

MARCELO NO CENTRO DA BERLINDA

Há uma parte dos socialistas que já estão a tentar colocar em crise a validade da argumentação do Ministério Público que fundamentou o processo-crime contra António Costa que corre no Supremo Tribunal de Justiça (foro privilegiado). Ainda que rebuscada, é uma argumentação que não tem nada de novo, também foi assim com José Sócrates, desde o primeiro dia. Outra coisa, bem mais importante e pertinente, é saber desde quando é que esses indícios, que levaram ao último parágrafo do comunicado da PGR, estiveram "congelados". 

P, S. O inusitado tom de ameaça de Marcelo Rebelo de Sousa contra António Costa, a roçar a chantagem pública, tem de ser explicado. O esgrimir publicamente da dissolução, ainda por cima de um governo sustentado por uma maioria absoluta no Parlamento, atingiu o zénite no momento da demissão falhada de João Galamba. É esta realidade que obriga a colocar três questões: O presidente sabia? Há quanto tempo sabia? Antes ou depois da data em que marcou (5 de Novembro de 2021) as últimas eleições antecipadas que ocorreram em 30 de Janeiro de 2022. Isso, sim, também é de uma enorme gravidade política e institucional. E vai ser conhecido, mais tarde ou mais cedo, no processo ou fora dele, pois a palavra do presidente não é nem nunca será suficiente em Democracia.

VENTURA AINDA MAIS DO LADO DE MARCELO

O dedinho esticado de Marcelo Rebelo de Sousa, em direcção a um cidadão indignado, já faz parte do anedotário público. Como se fosse possível, com mais uma qualquer pirueta, apagar as declarações desastrosas sobre o Médio Oriente. Curioso é o silêncio pesado de André Ventura, sempre lesto a criticar os outros dois órgãos de soberania, representados por António Costa e Augusto Santos Silva. Um acordo secreto com Belém? Medo das ameaças de processos judiciais de quem dá crescentes sinais de estar desnorteado?